Diagnóstico por Imagem no AVC e os Avanços no Tratamento do AVC Isquêmico Agudo

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma emergência médica que demanda diagnóstico rápido e tratamento imediato. Trata-se de uma das principais causas de morte e incapacidade no Brasil e no mundo, exigindo respostas clínicas cada vez mais ágeis, com o suporte imprescindível da radiologia moderna e da telerradiologia.

Tipos e Causas de AVC

O AVC pode ser classificado em duas formas principais:

AVC Isquêmico: causado pela obstrução do fluxo sanguíneo cerebral, geralmente por trombos ou êmbolos.

AVC Hemorrágico: ocorre devido à ruptura de vasos cerebrais, com extravasamento de sangue para o tecido nervoso.

Fatores de risco como hipertensão arterial, diabetes mellitus, dislipidemia e tabagismo aumentam significativamente a probabilidade de ocorrência. Os sintomas neurológicos surgem subitamente e variam conforme a área cerebral afetada, incluindo fraqueza, hemiplegia, alterações na fala e consciência, além de cefaleia súbita intensa.

 

O Papel da Radiologia no Diagnóstico do AVC

A radiologia é essencial na abordagem inicial do paciente com suspeita de AVC, sendo decisiva na diferenciação entre AVC isquêmico e hemorrágico, definição da extensão do dano e identificação de pacientes candidatos a terapias avançadas como trombólise e trombectomia mecânica.

Tomografia Computadorizada (TC) sem contraste: exame de escolha na triagem inicial, pela alta disponibilidade e sensibilidade na detecção de hemorragias.

Angiotomografia cerebral e cervical com contraste iodado: permite avaliar a presença de oclusões arteriais de grandes vasos, e causas possíveis de sangramentos, entre elas aneurismas rotos, malformações arteriovenosas dentre outros.

Ressonância Magnética (RM): especialmente útil em casos de wake up stroke e em casos clinicamente duvidosos. A sequência de difusão (DWI) identifica isquemias minutos após o início dos sintomas.

 

 

A interpretação desses exames por radiologistas e neurorradiologistas, mesmo à distância via plataformas de telerradiologia, acelera a tomada de decisões críticas em contextos emergenciais.

 

Avanços no Tratamento do AVC Isquêmico Agudo: O Papel da Trombectomia Mecânica

Nas últimas décadas, o tratamento do AVC isquêmico evoluiu significativamente com o advento da trombectomia mecânica — um procedimento endovascular que permite a remoção de trombos de grandes vasos cerebrais.

Os marcos dessa revolução terapêutica foram os grandes trials multicêntricos:

MR CLEAN (2015): demonstrou benefício significativo da trombectomia em pacientes com oclusão de grandes vasos anterior (ICA/M1), com redução da incapacidade funcional (mRS 0–2 em 32,6% vs. 19,1%; p = 0,001).

ESCAPE, EXTEND-IA, SWIFT PRIME e REVASCAT (2015): reforçaram os resultados positivos da trombectomia em janelas de até 6 horas, estabelecendo a eficácia do tratamento associado à terapia trombolítica.

DAWN e DEFUSE 3 (2018): expandiram a janela terapêutica da trombectomia para até 24 horas após o início dos sintomas em pacientes selecionados por imagem (perfis com mismatch clínico-radiológico), com ganhos funcionais expressivos (mRS 0–2 em até 49% dos casos com intervenção vs. 13% no grupo controle, no DAWN).

Esses estudos levaram a uma transformação nos guidelines internacionais, como os da American Heart Association/American Stroke Association, que hoje recomendam a trombectomia para pacientes com oclusão de grandes vasos, em tempo expandido e com base em avaliação por imagem multimodal (TC de perfusão, RM-DWI/FLAIR).

 

Telerradiologia: Acelerando o Diagnóstico e Salvando Neurônios

A telerradiologia permite acesso rápido à análise especializada dos exames de imagem, mesmo em regiões remotas ou com recursos limitados. Essa conectividade pode ser decisiva no contexto do AVC, onde “tempo é cérebro” — estima-se que cerca de 2 milhões de neurônios sejam perdidos por minuto em um AVC isquêmico não tratado.

Plataformas de telerradiologia integradas com protocolos de atendimento a AVC (como o “Código AVC”) permitem:

 

Laudos rápidos e assertivos.

Avaliação por especialistas 24/7.

Apoio na decisão sobre indicação de trombólise e trombectomia.

Melhoria dos desfechos clínicos e redução da mortalidade.

 

Conclusão

O manejo do AVC isquêmico agudo passou por avanços transformadores na última década. A integração entre equipes clínicas, radiologistas, tecnologia de imagem e telerradiologia é hoje indispensável para oferecer o melhor cuidado ao paciente. A rápida identificação da causa do AVC e a seleção adequada dos candidatos à terapia endovascular são estratégias que salvam vidas e preservam a funcionalidade.

A radiologia não apenas diagnostica: ela decide. E com agilidade, salva.

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